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 15/01/2020    10:27hs     -     Atualizado 15/01/2020    16:57hs

Federação amapaense de futebol continua devendo aos árbitros

Mesmo pagando a segunda menor taxa do país, divida com os árbitros vem aumentando desde 2018 e já seria de cerca de 200 mil reais

Crédito: Rosivaldo Nascimento

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A um ano atrás, publicamos matéria denunciando a falta de pagamento de taxas de arbitragem no estado do Amapá (leia). Segundo um árbitro ouvido pelo Apitonacional na ocasião, o atraso no pagamento das taxas ocorre todo ano e quem quiser atuar tem que aceitar calado, pois quem reclamar é excluído do quadro local e até mesmo do nacional caso este faça parte da SENAF. Nem mesmo ao Ministério Público (MP) eles podem recorrer, pois fatalmente serão punidos quando seus nomes aparecerem nas investigações do órgão.

Seis meses após a primeira reportagem, voltamos ao assunto para checar a situação e apuramos que alguns árbitros foram chamados para renegociar a dívida, mas o acordo oferecido contava com grande deságio e mesmo assim não teriam sido honrados e só alguns que aceitaram dar descontos receberam o combinado (leia).

Os árbitros relataram também que não tem a quem recorrer, pois presidente do sindicato local trabalha para os dirigentes da federação e não os defende como deveria, pois segundo as informações o suposto sindicalista teria como objetivo obter cargo na CEAF/AP ou até mesmo ser indicado instrutor da CBF pelo estado.

Curiosamente o presidente do sindicato dos árbitros do Amapá, Carlos Augusto de Almeida Lima, é um antigo dirigente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) e atualmente ocupa o cargo de Presidente do Conselho de Ética da atual diretoria.

Questionado anteriormente sobre a situação do sindicato e da atual diretoria, Carlão, como é conhecido no meio, não respondeu e não informou quando ocorreu as ultimas eleições e nem quando ocorrera a próxima o que torna o assunto proibido e de conhecimento restrito.

Transparência JÁ!

Carlos Augusto de Almeida Lima, o 'Carlão', participando de Congresso da ANAF em 2018

Nota da redação: O Apitonacional apurou que o mandato da atual diretoria teria vencido no dia 2 de janeiro deste ano e que os dirigentes atuais estariam desde 2002 comandando o sindicato sem ter realizado eleições.

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Um ano após a primeira denuncia voltamos ao assunto para ver quais providencias tinham sido tomadas pelos responsáveis, mas o que já era ruim, ficou pior ainda com as dívidas aumentando dia após dia. Um dos árbitros que, segundo ele, tem cerca de oito mil para receber, relatou a situação através de áudio. Editamos a fala para dificultar a identificação e assim evitar as possíveis perseguições. Segundo este árbitro, as dívidas são recorrentes de três anos, eles apitam para receber no final do ano, ocorre que isto não acontece, mesmo com a FAF recebendo cerca de 1 milhão de reais anual da CBF para cobrir gastos, inclusive com a arbitragem para quem, segundo o áudio, deve cerca de 200 mil reais.

"O estado do Amapá é o segundo estado no Brasil que paga a arbitragem mais barata do país, sendo Tocantins a mais barata e segundo o Amapá. Mas mesmo assim não pagam a gente sendo que são reembolsado pela CBF. Hoje creio eu que por baixo em torno de, juntando tudo, 200 mil deve para arbitragem" - disse o árbitro.

Ouça o áudio abaixo.

Entenda

A FAF supostamente deve a metade das taxas de 2018 e 2019 do profissional e todo montante das demais divisões nos dois anos, o que da algo em torno de 200 mil conforme mencionado no áudio.

CBF tapa os olhos

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) corrobora para esta situação, a divida é publica e do conhecimento de todos, inclusive dos membros da Comissão de Arbitragem que mesmo assim aceitaram escalar árbitros de Goiás e São Paulo nas finais do Amapaense de 2019.

Detalhe: A CBF arcou com os valores da arbitragem das finais do amapaense pagando algo em torno de 60 mil reais entre taxas e despesas nas duas finais.

O duro é ouvir tanto o presidente da CBF quanto do presidente da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba, dizerem que se preocupam com os árbitros quando na verdade só se preocupam com a elite para que eles não tragam problemas nos campeonatos de repercussão na mídia do país.

ANAF ausente

Outra entidade que não se preocupa com a situação é a ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) que também tem conhecimento faz tempo do que vem ocorrendo com a arbitragem amapaense e sequer mandou um representante ao estado para acompanhar de perto e até mesmo com poderes para negociar uma saída para a crise. Um ano se passou desde a posse e até o presente momento nenhuma ação ou palavra do maior dirigente da arbitragem sobre o vergonhoso assunto.

Salmo Valentim, o presidente, tem se deslocado seguidamente para vários estados do país, inclusive, não se sabe os motivos, volta varias vezes em alguns deles, mas onde realmente necessita sua presença não se faz presente. O dirigente pode alegar que o fato é isolado e local, mas lembramos que o estado aparentemente sequer tem um sindicato legalizado e cujo presidente faz parte da atual diretoria da ANAF e a presença do dirigente da arbitragem nacional poderia trazer solução para essa crise sem fim.

O que adianta ser recebido, ter acesso irrestrito ao presidente da CBF se não pode intervir em favor dos árbitros do pais quando necessário.

Afinal, para que serve a ANAF se não para falar em nome dos árbitros, seja nacional ou de que estado for!?

Crédito: arquivo pessoal/Whatsapp

 Neto Góes, principal mandatário da FAF, não estaria honrando compromissos e coagindo árbitros descontentes

Verba CBF

Segundo prestação de contas de 2018, aprovadas em janeiro de 2019, a Federação Amapaense de Futebol (FAF), recebeu R$ 975.000,00 de verba da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo ainda a mesma prestação de contas, a entidade só obteve 17.530,00 como recurso próprio.

No item 6 da mesma prestação de contas consta valor gasto de R$ 77.028,00 com vários itens incluindo arbitragem. Não temos os valores de 2019 que deve ter ficado próximo de 1 milhão, o que leva o repasse para cerca de 2 milhões de reais nos últimos dois anos e a pergunta que fica é onde foram gastos essa grana toda e porque não tiraram míseros 200 mil para pagar os atrasados dos árbitros que muitos necessitam para sobreviverem.

O que eles disseram

O Apitonacional procurou as pessoas citadas para que falassem sobre o assunto. Neto Góes, principal mandatário da FAF, como nas outras oportunidades, não respondeu. Já Salmo Valentim, presidente da ANAF, nada falou sobre o assunto, mas disse que vai agendar em breve uma viagem ao Amapá.

O espaço esta aberto não só para quem foi citado na matéria, mas para qualquer pessoa que possa contribuir e queira falar sobre o assunto.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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