Federação
amapaense de futebol continua devendo aos árbitros
Mesmo pagando a segunda menor taxa do país, divida com
os árbitros vem aumentando desde 2018 e já seria de cerca de
200 mil reais
Crédito: Rosivaldo Nascimento
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A um ano atrás, publicamos matéria
denunciando a falta de pagamento de taxas de arbitragem no estado do
Amapá (leia).
Segundo um árbitro ouvido pelo
Apitonacional na ocasião, o atraso no pagamento das taxas
ocorre todo ano e quem quiser atuar tem que aceitar calado, pois
quem reclamar é excluído do quadro local e até mesmo do nacional
caso este faça parte da SENAF. Nem mesmo ao Ministério Público (MP)
eles podem recorrer, pois fatalmente serão punidos quando seus nomes
aparecerem nas investigações do órgão.
Seis meses após a primeira reportagem,
voltamos ao assunto para checar a situação e apuramos que alguns
árbitros foram chamados para renegociar a dívida, mas o acordo
oferecido contava com grande deságio e mesmo assim não teriam sido
honrados e só alguns que aceitaram dar descontos receberam o
combinado (leia).
Os árbitros relataram também que não
tem a quem recorrer, pois presidente do sindicato local trabalha
para os dirigentes da federação e não os defende como deveria, pois
segundo as informações o suposto sindicalista teria como objetivo
obter cargo na CEAF/AP ou até mesmo ser indicado instrutor da CBF pelo
estado.
Curiosamente o presidente do sindicato
dos árbitros do Amapá, Carlos Augusto de Almeida Lima, é um antigo
dirigente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) e
atualmente ocupa o cargo de Presidente do
Conselho de Ética da atual diretoria.
Questionado anteriormente sobre a
situação do sindicato e da atual diretoria, Carlão, como é conhecido
no meio, não respondeu e não informou quando ocorreu as ultimas eleições e nem
quando ocorrera a próxima o que torna o assunto proibido e de
conhecimento restrito.
Transparência JÁ!
Carlos Augusto de Almeida Lima, o
'Carlão', participando de Congresso da ANAF em 2018
Nota da redação:
O Apitonacional apurou que o
mandato da atual diretoria teria vencido no dia 2 de janeiro deste
ano e que os dirigentes atuais estariam desde 2002 comandando o
sindicato sem ter realizado eleições.
Um ano após a primeira denuncia voltamos ao assunto
para ver quais providencias tinham sido tomadas pelos responsáveis,
mas o que já era ruim, ficou pior ainda com as
dívidas aumentando dia após dia. Um dos árbitros que,
segundo ele, tem cerca de oito mil para receber, relatou a situação
através de áudio. Editamos a fala para dificultar a identificação e
assim evitar as possíveis perseguições. Segundo este árbitro, as
dívidas são recorrentes de três anos, eles apitam para receber no
final do ano, ocorre que isto não acontece, mesmo com a FAF
recebendo cerca de 1 milhão de reais anual da CBF para cobrir
gastos, inclusive com a arbitragem para quem, segundo o áudio, deve
cerca de 200 mil reais.
"O estado do Amapá é o segundo
estado no Brasil que paga a arbitragem mais barata do país, sendo
Tocantins a mais barata e segundo o Amapá. Mas mesmo assim não pagam
a gente sendo que são reembolsado pela CBF. Hoje creio eu que por
baixo em torno de, juntando tudo, 200 mil deve para arbitragem"
- disse o árbitro.
Ouça o áudio abaixo.
Entenda
A FAF supostamente deve a metade das
taxas de 2018 e 2019 do profissional e todo montante das demais
divisões nos dois anos, o que da algo em torno de 200 mil conforme
mencionado no áudio.
CBF tapa os olhos
A Confederação Brasileira de Futebol
(CBF) corrobora para esta situação, a divida é publica e do
conhecimento de todos, inclusive dos membros da Comissão de
Arbitragem que mesmo assim aceitaram escalar árbitros de Goiás e São
Paulo nas finais do Amapaense de 2019.
Detalhe: A CBF arcou com os
valores da arbitragem das finais do amapaense pagando algo em torno
de 60 mil reais entre taxas e despesas nas duas finais.
O duro é ouvir tanto o presidente da
CBF quanto do presidente da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba,
dizerem que se preocupam com os árbitros quando na verdade só se
preocupam com a elite para que eles não tragam problemas nos
campeonatos de repercussão na mídia do país.
ANAF
ausente
Outra entidade que não se preocupa com
a situação é a ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol)
que também tem conhecimento faz tempo do que vem ocorrendo com a
arbitragem amapaense e sequer mandou um representante ao estado para
acompanhar de perto e até mesmo com poderes para negociar uma saída
para a crise. Um ano se passou desde a posse e até o presente
momento nenhuma ação ou palavra do maior dirigente da arbitragem
sobre o vergonhoso assunto.
Salmo Valentim, o presidente, tem se deslocado
seguidamente para vários estados do país, inclusive, não se sabe os
motivos, volta varias vezes em alguns deles, mas onde realmente
necessita sua presença não se faz presente. O dirigente pode alegar que o fato é
isolado e local, mas lembramos que o estado aparentemente sequer tem
um sindicato legalizado e cujo presidente faz parte da atual
diretoria da ANAF e a presença do dirigente da arbitragem nacional
poderia trazer solução para essa crise sem fim.
O que adianta ser recebido, ter acesso
irrestrito ao presidente da CBF se não pode intervir em favor dos
árbitros do pais quando necessário.
Afinal, para que serve a ANAF se não para falar em nome dos
árbitros, seja nacional ou de que estado for!?
Crédito: arquivo pessoal/Whatsapp
Neto Góes, principal mandatário da
FAF, não estaria honrando compromissos e coagindo árbitros
descontentes
Verba CBF
Segundo prestação de contas de 2018,
aprovadas em janeiro de 2019, a Federação Amapaense de Futebol
(FAF), recebeu R$ 975.000,00 de verba da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF). Segundo ainda a mesma prestação de contas, a entidade
só obteve 17.530,00 como recurso próprio.
No item 6 da mesma prestação de contas consta valor gasto de R$
77.028,00 com vários itens incluindo arbitragem. Não temos os
valores de 2019 que deve ter ficado próximo de 1 milhão, o que leva
o repasse para cerca de 2 milhões de reais nos últimos dois anos e a
pergunta que fica é onde foram gastos essa grana toda e porque não
tiraram míseros 200 mil para pagar os atrasados dos árbitros que
muitos necessitam para sobreviverem.
O que eles disseram
O
Apitonacional procurou as pessoas citadas para que
falassem sobre o assunto. Neto Góes, principal mandatário da FAF,
como nas outras oportunidades, não respondeu. Já Salmo Valentim, presidente da ANAF, nada falou
sobre o assunto, mas disse que vai agendar em breve uma viagem ao
Amapá.
O espaço esta aberto não só para quem
foi citado na matéria, mas para qualquer pessoa que possa contribuir e queira
falar sobre o assunto.