31/07/2014    22:13hs
 

O "FIFUDO" do sertão

Ex-jogador de futebol vira top da arbitragem amadora de alagoas

Quem teve o prazer de conhece-lo pessoalmente sabe da sua simpatia e da paixão que ele nutre pela arbitragem. Severino Almeida é o tipo da pessoa que nos deixa a certeza que a vida nem sempre é justa com todos, que algumas pessoas por mais que mereça, não alcança seus objetivos e fica pelo caminho.

Ele nasceu pontualmente às 12:00hs do dia 27/04/1974 (40 anos) no hospital Santa Rita em Palmeiras dos Índios, cidade que fica cerca de 25 quilômetros de Quebrangulo, para aonde foi levado ao sair da maternidade e onde passou sua infância, a adolescência, casou, teve filhos e vive até hoje com a esposa Neuza e os dois filhos, Vandevan Naldson Nunes Ferreira de 14 anos e Neurisia Suécia Nunes Ferreira de 20.

 

Severino jogava futebol amador quando se encantou pela arbitragem, a idade avançada para as partidas de profissionais atrapalhou mas não tirou o seu sonho, com muita persistência e ajuda dos amigos fez vários cursos e se tornou árbitro amador.

Segundo ele disse ao Apitonacional, iniciou a carreira na arbitragem em 1992 apitando rachinhas na sua cidade, foi adquirindo experiência, pegando gosto até ser convidado por um amigo para apitar partidas do amador. Foi e gostou segundo disse pelo lado financeiro que foi bom e por mantê-lo fazendo o que mais gosta que é a arbitragem.

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Severino não esquece de quem o ajudou, segundo ele, Sebastião Canuto e Charles Hebert tem participação em tudo que ele conquistou na arbitragem, pois essas duas pessoas sempre contribuíram para que ele crescesse como pessoa e como árbitro mesmo estando no amador. Mas Severino não esquece de outros amigos que segundo ele também tiveram participação importante na sua trajetória e cita Silvio Acioli, Flavio Feijó em Alagoas e no estado vizinho, Pernambuco, cita Emerson Sobral, Eric Bandeira e Francisco Domingos.

Severino é top da arbitragem no futebol amador em Alagoas e é considerado o FIFA do sertão pela qualidade técnica e pelo traje sempre impecável. Sua forma de se apresentar nos campos empoeirados e as vezes enlameados vestido de forma impecável, com seus paletós importados semelhantes aos árbitros mais conceituado do mundo lhe rendeu o apelido de "FIFUDO" do sertão.

Severino (esquerda) em seu terno de linho importado posa para foto com os amigos do apito

Se o paletó é impecável e se o apelido é conveniente, a taxa media de R$ 150,00 reais por jogo não seduziria nem um dos mais simples árbitros de qualquer federação em inicio de carreira, mas para ele é motivo de orgulho e diz com um sorriso de orelha a orelha que não visa o dinheiro e sim estar apitando, o que ele mais gosta, o que mais ama na sua vida.

O Voz do Apito, site especializado em arbitragem de futebol, fez matéria onde relata a saga deste nordestino que apita e encanta pela simplicidade e amor ao que faz. O Apitonacional não poderia deixar de pegar carona nesta justa homenagem para também homenagear o "FIFUDO do sertão".

Veja abaixo matéria completa.

Por: Pedro Paulo de Jesus - Voz do Apito

Na garupa da moto ou no conforto do carro ao som do rei Roberto Carlos, Severino Almeida percorre o sertão alagoano fazendo a regra ser cumprida nos campos de várzea

Ser um profissional de arbitragem definitivamente não é algo para qualquer um. Lidar com a maior paixão do brasileiro muitas das vezes faz com que o personagem mais contestado do futebol vá do céu ao inferno em fração de segundos. Mas se por um lado existe a pressão herdada das dificuldades de comandar grandes espetáculos, por outro há também a satisfação pessoal de dezenas, centenas ou quem sabe, milhares de anônimos espalhados em todo país, que mesmo dentro das dificuldades encontradas no futebol de várzea, fazem da atividade mais execrada do mundo um robby como outro qualquer.

 

O Voz do Apito encontrou na cidade de Quebrangulo, a cerca de 100 km de Maceió, capital do estado de Alagoas, um árbitro que ao contrário de todos os prognósticos encara as dificuldades do futebol amador com o típico humor nordestino. Fã declarado da arbitragem brasileira, Severino Ferreira é um personagem raro de ver no futebol que, com bastante habilidade, consegue tirar das adversidades o combustível para andar pelo acalorado sertão alagoano fazendo o que mais gosta, ou seja, apenas apitar.

Com o seu GM Corsa inseparável proveniente das taxas de arbitragem que recebe no futebol amador, o “FIFA do Sertão” todos os domingos tem um ritual para árbitro nenhum colocar defeito:

O uniforme de jogo também é impecável

"O domingo que não apito chego ficar em depressão. Faça chuva ou faça sol eu sempre estarei dentro do campo de jogo fazendo a regra ser cumprida. Mas eu me preparo para isso. Leio as regras e sempre procuro estar atualizado. Não abro margens para reclamações e antes dos jogos sempre faço as minhas orações" - disse.

Casado e pai de dois filhos, o juiz alagoano é uma figura muito querida na arbitragem brasileira, não à toa convive com os principais árbitros de futebol do país. Embora recuse o rótulo de “amuleto”, Severino sempre que pode liga para os “amigos” com o intuito de dar aquela palavra amiga:

"Ter a chance de conviver com essas pessoas que na maioria das vezes vejo na TV, é muito gratificante e me emociona. Eu não cheguei ao profissional, mas por trabalhar como taxista aqui em Maceió, tive a oportunidade de transportar vários árbitros importantes e desta forma fiz vários amigos por todos os cantos do país sem precisar sair daqui" - Contou Severino.

 

Engana-se quem pensa que o “fifudo das Alagoas” vai aos estádios de bermuda jeans e chinelo de dedo. Ao contrário do que muitos imaginam de um árbitro amador, Severino Ferreira seja aonde for sempre surge nos campos de futebol paramentado no padrão FIFA, sempre ostentando um dos seus mais variados ternos de grife:

"A arbitragem é um dos grandes amores da minha vida. Vou de terno para os meus jogos para incentivar que os meus colegas de trabalho encarem os jogos amadores com mais profissionalismo. A nossa realidade é muito diferente de um Maracanã, Morumbi, mas na minha visão a essência no que tange a visão do árbitro é a mesma" - Destacou Severino.

Um orgulhoso Severino e seus assistentes impecavelmente uniformizados com padrão "FIFUDO"

No dia a dia com uma rotina pesada de trabalho, ele divide o tempo entre os seus familiares, a profissão de taxista e a fascinação pela atividade esportiva mais execrada do mundo. Ser árbitro para essa figuraça é muito mais do que vestir um simples uniforme. Ser árbitro para Severino Ferreira é um dom que apenas quem um dia teve a oportunidade de colocar um apito na boca sem nenhum interesse, pode ser capaz de imaginar o que ele sente.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

 

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