24/05/2016    22:07hs

Assistente questiona métodos e chama Jorge Rabello de insensível

Rodrigo Pereira Jóia, retirado da RENAF este ano reclama pela falta de consideração e respeito aos dez anos dedicado a arbitragem carioca

O ex-assistente carioca Rodrigo Pereira Jóia (foto), 36 anos, FIFA de 2011 a 2014, que após não ser aprovado nos testes físicos de dezembro realizado pela Federação do Rio de Janeiro visando estadual de 2016, não teve seu nome indicado para o quadro nacional e consequentemente deixando o quadro da RENAF, enviou correspondência a Jorge Rabello, chefe da arbitragem carioca expondo seu ponto de vista sobre o ocorrido.

Em e-mail enviado ao presidente e demais membros da comissão de arbitragem, Jóia diz que após uma semana tentando assimilar o ocorrido, tomou a decisão de deixar o quadro da FERJ em 2016 e que possivelmente também deixaria precocemente a arbitragem.

Apesar de deixar em aberto a possibilidade de voltar em 2017, o agora ex-

assistente diz que sua decisão foi tomada pela falta confiança na comissão de arbitragem do Rio de Janeiro, pois segundo seu relato, não dá para trabalhar em ambiente onde as regras são mudadas a cada minuto pela vontade do comandante.

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Jóia ainda diz que disputar um campeonato sem saber claramente o regulamento não dá mais.

Rodrigo Jóia relata que as regras foram mudadas quando as informações só foram repassadas aos assistentes depois que os árbitros já haviam realizado os testes.

O assistente também reclama da recusa da comissão em marcar um dia para que ele pudesse ser ouvido, pois não queria brigar, discutir, nem gritar com ninguém.

“Foram 10 anos de dedicação à Ferj e o mínimo que esperava era que pelo menos se dignasse a me receber. Fui tratado com total falta de consideração e respeito” – disse o assistente.

No e-mail, o assistente faz uma seria acusação. Segundo o texto ele foi retirado por não ter sido aprovado em uma bateria para árbitros e não para assistentes.

O Apitonacional entrou em contato com o ex-assistente para que falasse sobre o e-mail. Rodrigo Pereira Jóia disse que não gostaria de falar sobre o assunto, mas informou que se contundiu durante os testes e que não teve chance em um reteste como em anos anteriores. Jóia ainda informou que “outras” pessoas NÃO passaram nos testes e seguiram na RENAF 2016.

O assistente não informou quem seriam essas 'pessoas'.

Procuramos também Jorge Rabello, presidente da comissão de arbitragem do RJ, que não respondeu o contato até o fechamento desta matéria.
 

Veja abaixo o e-mail na integra.

De:
Enviada em:
Para ============
Assunto: Fwd: Fim do ciclo - Muito Obrigado

“Rabello e comissão,

Após uma semana tentando assimilar o que aconteceu comigo e as perdas com a minha reprovação, escrevo para comunicar que não irei seguir na FERJ em 2016 e, até o momento, tudo se encaminha para um precoce encerramento de carreira.

Isso não se dará somente pelo fato de ter saído da relação da RENAF para 2016, pois pensando melhor com amigos e família seria até uma chance de ter um ano calmo em relação à escalas e viagens podendo se dedicar ao trabalho e tentado voltar em 2017. O principal fato se dá pela falta confiança na COAF RJ pois não dá para trabalhar em ambiente onde as regras são mudadas a cada minuto pela vontade do comandante.

Disputar um campeonato sem saber claramente o regulamento não dá mais.

Quando o sr. enviou o e-mail a todo quadro informando que quem não passasse nos testes de novembro não iria para a RENAF, além da pré-temporada que TODOS já sabiam, os árbitros já haviam realizado o teste físico( o e-mail foi enviado dia 19/01), faltando somente os assistentes (e alguns poucos árbitros dia 30). Até porque todos os árbitros pré selecionados para a RENAF já haviam passado no teste. Para que passar um e-mail que só serviria para os assistentes? Mudando a regra mesmo depois de boa parte dos árbitros terem realizado o teste?

Até aí tudo bem porque em TODOS os anos o sr. informava a mesma coisa, mas nos dava a oportunidade de conseguir voltar ao carioca e a renaf passando no teste de fevereiro. Porque esse ano mudar isso?

Como não passei e usando da redução de 20% de todo quadro fui informado que não seguiria na CBF pelo WhatsApp, haja vista que quando solicitei um dia (qualquer dia!) para conversarmos pessoalmente, o recado foi direto e reto.

‘Jóia conforme informe a todos a condição para pré e para RENAF e passar no teste ainda mais que teremos redução de 20%. Portanto, no sendo sobre esses assuntos. Tudo bem’.

Claro que só poderia ser sobre esse assunto. Não queria brigar, discutir, gritar. Queria falar, entender, ser ouvido. Não queria promessas e sim um norte.

Começamos a conversar por ali, o papo não rendeu pela simples falta de interesse do sr. Foram 10 anos de dedicação à Ferj e o mínimo que esperava era que pelo menos se dignasse a me receber. Fui tratado com total falta de consideração e respeito.

Rodrigo Jóia durante treinamentos na FERJ

Senti uma contusão ainda no aquecimento e fui até onde deu. Nem sei se consegui falar isso. É outra questão importante: Estou sendo retirado por um teste físico de bateria para árbitros e não assistentes.

Quando comecei a entender a situação e me planejava para 2016, veio a surpresa. Mesmo com reprovações no teste físico o sr. encaminhou nomes para a RENAF 2016. Não adianta vir com a história que a lista feminina não conta para o quantitativo masculino e que elas irão atuar somente no feminino, pois 3 fatos são cruciais:

1 - A regra era clara! Não passou não vai a pré e nem a RENAF.

2 - Se deu esta chance, o simples fato de estarem na lista RENAF feminina as credenciam a, se conseguirem fazer o teste masculino durante o ano de 2016, voltarem a atuar nas competições masculinas.

3 - Não realizaram teste feminino e sim, masculino, ou seja, não tem nenhum teste aprovado.

Não estou aqui para apontar dedo para ninguém , até porque por tudo que elas fizeram pela arbitragem carioca, brasileira e mundial DEVEM estar nesta lista sempre, mas o que eu QUERIA era a mesma chance que, bem ou mal, elas estão tendo. Chance essa dada SEMPRE por diversos anos a vários árbitros.

Detalhe: eu sempre passei nos testes na Ferj e CBF. Nunca deixei de ir a uma pré temporada. Minhas reprovações foram em testes FIFAs e sempre tive segunda chance. E por não ir bem-nascido outras chances, paguei por isso perdendo o escudo FIFA. E o sr fez a mesma coisa na primeira reprovação. E o e-mail que o sr. me enviou ano passado quando perdi o escudo? Esqueceu? Para que foram aquelas palavras?

Não venha dizer que estou somente preocupado com a CBF não. Não vejo qualquer problema em trabalhar somente pelo RJ, mas as regras devem ser para TODOS, sem exceção.

Além dos mais a questão do corte para mim é segundo plano. O sr. me disse que escolheu pela retirada do Stina e Francisco. Provavelmente por questões técnicas e físicas. Provavelmente pois os dois não passaram nos testes CBF em 2015. A escolha foi sua. Não existe aqui uma questão de escolher A ou B. Nem de ser injusto com eles que passaram agora, me deixando na RENAF que fui reprovado somente agora.E eu? Que estou com teste homologado desde julho?

E outra, bastava simplesmente enviar a lista com o meu nome com um asterisco e um reserva, condicionando a minha entrada a aprovação no teste de fevereiro. O sr. não quis assim. O sr. não quis nem escutar isso. Me puniu 2 vezes me retirando da pré e da CBF.

Vale lembrar que nos últimos anos, essa regra imposta pelo sr. não valeu. Tivemos um ano que o Dibert não passou no teste, teve a segunda chance e voltou. Com o Gutemberg a mesma coisa . E com o Índio a mesma coisa que só não voltou para a CBF porque simplesmente não quis, mesmo o sr. fazendo de tudo para incentiva-lo.

Nunca escondi, até porque meu pai me ensinou isso, a gratidão que tenho e sempre terei pelo sr. em ter me dado a oportunidade de subir aos profissionais, em identificar o meu talento no momento em que o RJ necessitava de renovação. E deu certo. Foi uma aposta sua na qual eu correspondi dentro do campo e trouxe frutos e notoriedade para a arbitragem carioca. Foi bom para os dois lados. Cheguei a FIFA e fiz jogos que poucos no Brasil fizeram e tenho estórias para contar para meus filhos. E desta mesma forma, o sr. também ajuda a encerrar meu ciclo.

Rodrigo Jóia com a esposa Danielle e os filho João Gabriel e o caçulinha (foto: facebook)

Enfim, o sr. sabia que precisava de um tempo para me dedicar ao trabalho. Falei pessoalmente ao sr. Fiquei 4 meses imersos somente ao trabalho. E se cheguei a pedir dispensas de jogos até nos finais de semana é porque não tinha tempo algum para me dedicar a arbitragem. Então, sem essa velha história de falta de compromisso, dedicação etc. Fiz uma escolha sim e não me arrependo. Escolhi meu trabalho que dá educação e alimenta meus filhos. E a sua falta de sensibilidade que qualquer líder não deveria ter me deu a certeza que foi a escolha mais acertada. Imagina se não aceito o cargo e ficasse neste teste... Não me perdoaria e estaria muito pior.

Não somos robôs. Somos seres humanos e devemos ser tratados e respeitados como tal. Devemos ser ouvidos. O sr. lidera homens e mulheres que têm sentimentos, sonhos, problemas, dúvidas etc. Perdeu diversos talentos por conta dessa falta de sensibilidade e ainda perderá muitos outros nos próximos anos.

 

 

Tenho ainda 10 anos de carreira. Não pretendo parar, mas com essas condições aqui no RJ não consigo seguir. Por mais imprevisível seja o mercado da arbitragem o mínimo de segurança você tem que ter quando se dedica a ela e aqui no RJ, neste momento, não vejo isso, ao contrário que observo em outras federações. Qual será a regra para o ano quem vem? Vai mudar novamente na semana do teste? Vou me preparar para que? O que o sr. pretende comigo? Não tenho respostas porque não fui ouvido.

Então, entrego a DEUS o meu futuro ciente da decisão correta e de cabeça em pé. Vou tratar minha lesão, regularizar os treinos e deixar na mão dele o que vai acontecer para frente.

Como buscar motivação nesse contexto. Liderança é ação, não posição. Neste sentido neste tipo de gestão eu não me sinto motivado.

Cada um no seu caminho com saúde e paz!

Termino esse texto com um muito obrigado e, como um bom leitor que sei que o sr. é, uma frase para reflexão.
Para ser um líder, você tem que fazer as pessoas quererem te seguir, e ninguém quer seguir alguém que não sabe onde está indo - Joe Namath.

At,

Rodrigo Jóia

Nota do apitonacional

Rodrigo Pereira Jóia é um bom assistente. Tem ótimo currículo, boa experiência em campo e mesmo subindo rápido demais na carreira, certamente com ajuda que outros não tiveram, tem méritos, pois correspondeu dentro de campo quando exigido.

Jóia não é o primeiro a deixar o quadro de arbitragem do Rio de Janeiro por conta dos métodos truculentos e tirano de Jorge Rabello e certamente não será o ultimo. Antes dele foram Pablo Alves, Marcelo Henrique, Eduardo Cordeiro e mais recentemente Péricles Bassols, o único FIFA do apito no estado e outros.

Como tem qualidades e caráter de homem honrado segundo informações, ao contrario de alguns narizes empinados da profissão, logo acerta com alguma federação para continuar na arbitragem e desempenhando aquilo que gosta.

Alô Federação Pernambucana, como seu quadro esta velho, onde devido a pressão é proibido revelar e como esta se tornando refugio dos desabrigados, mesmo ele não tendo olhos verdes, seria uma boa aposta no assistente carioca, pois levaria qualidade e experiências aos seus árbitros.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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