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    São Paulo - 11/07/2022    22:02hs

CBF corta repasse financeiro da ANAF, crise gera acusações e pode terminar em greve da categoria

Acusações de suposto mensalinho por indicação de membros do STJD e esvaziamento da entidade dos árbitros aumenta crise que pode terminar na paralisação do Campeonato Brasileiro

Ednaldo Rodrigues gerando crises na CBF - Crédito: CBF
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Desde que assumiu de fato a presidência da CBF em março deste ano, Ednaldo Rodrigues vem colecionando polêmicas e inimizades no cargo, a ponto de andar as 24 horas do dia escoltado por seguranças. Dizem que todo esse cuidado seria por conta de traições e acordos não cumpridos para assumir a entidade, principalmente com o outro pretendente ao cargo, o alagoano Gustavo Feijó. Mas o dirigente baiano tem feito inimizades em outras áreas e uma delas atinge a liderança de um setor muito importante no futebol, a arbitragem.

Como amplamente divulgado neste veiculo de comunicação, a ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) recebia uma verba, ultimo pagamento no valor de 30 mil reais, provenientes dos patrocínios nas camisas dos árbitros. Ocorre que ao assumir, Ednaldo Rodrigues cortou o repasse e o contato com o representante dos árbitros, o que gerou uma enorme insatisfação que se tornou alarmante com a possibilidade, mesmo que remota, de uma greve dos árbitros que paralisaria o futebol brasileiro.

Com mandato até 2026, Salmo Valentim promete ser uma pedra no sapato da CBF - Crédito: Marçal

Em resposta a atitude e falta de dialogo da CBF, a ANAF, via texto assinado por seu presidente, Salmo Valentim, disse que vai reunir os árbitros para discutir a greve.

A imprensa, o dirigente explicou os motivos. Segundo Salmo, a insatisfação da ANAF é por conta do corte no repasse do dinheiro dos patrocínios que estampam os uniformes dos árbitros, algo que, segundo a entidade, foi uma ação do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, com quem Salmo Valentim alega tentar contato há seis meses e não consegue. A Associação de Árbitros ainda faz algumas acusações como o "sucateamento" da arbitragem brasileira.

"Recebíamos R$ 30 mil mensais dos R$ 10 milhões que a CBF recebe dos patrocinadores que expõem suas marcas nas camisas da arbitragem. Esse recurso era utilizado para a manutenção da entidade que o utiliza em benefício dos árbitros aplicando seguro lesão, para quem se contundir, transporte terrestre, auxílio médico, jurídico… uma série de benefícios que teremos de cortar" - relatou Salmo Valentim, em entrevista ao portal Lance.

"O repasse foi paralisado em março. Desde então o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, não mais nos atendeu" - completou o presidente da entidade à reportagem.

O comunicado assinado por Salmo Valentim foi disparado pelas redes sociais e mais tarde foi confirmado pelo próprio mandatário em seu Twitter (abaixo).

Crédito: Reprodução Twitter

Ainda não há uma data para que a assembleia dos árbitros seja marcada, no entanto isso deve acontecer em breve, pois as entidades de cada estado já estão sabendo da reunião para discutir a greve.

"Marcaremos a assembleia nos próximos dias, já mandei comunicado para as entidades estaduais" - afirmou Salmo.

Salmo também se queixou de que há seis meses tenta ser recebido por Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, mas não consegue.

Confira abaixo o comunicado da entidade propondo a paralisação:

Comunicado ANAF - Crédito: Reprodução Instagram

O que disse a CBF

Ao rebater as declarações do presidente da ANAF, a CBF praticamente jogou gasolina na fogueira ao, em vez de procurar o dialogo, foi para o confronto ao afirmar que 90% dos árbitros que atuam nas competições que organiza não são associados da ANAF.

Quanto ao patrocínio, a CBF tem outra versão sobre a suspensão dos valores repassados aos árbitros. A entidade afirma que, de acordo com levantamento do departamento jurídico, em administrações passadas havia um repasse mensal de R$ 30 mil à ANAF para que eles indicassem o nome de um auditor ao STJD. Porém, esse valor foi cortado após não serem encontrados contrato, justificativa e prestação do serviço.

"A verdade é que a ANAF não representa mais os árbitros. Hoje 90% deles não são associados. Estou na CBF há três meses e nunca recebi um pedido de árbitro com reivindicação sobre falta de direitos. Hoje os árbitros estão carentes de uma associação, já que a atual diretoria da ANAF a colocou em descrédito" - afirmou Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.

Já Ednaldo Rodrigues afirmou que se encontrou com Salmo quando ele ainda era presidente interino, e que recomendou que conversas sobre o assunto fossem tratadas com a Comissão de Arbitragem.

"O recebi quando ainda era interino. Ele queria fazer uma reestruturação da arbitragem, mas não falou com o (Leonardo) Gaciba, que na época era o presidente da Comissão de Arbitragem, o que achei estranho. Pedi que ele levasse todos os assuntos referentes a arbitragem à comissão" - contou.

Verdades e mentiras

A afirmação da CBF quanto ao patrocino e indicação para o STJD é mentirosa e não retrata fielmente os fatos.

Saiba a verdade: O repasse para a ANAF teve início no final de 2008 na gestão Jorge Paulo de Oliveira Gomes. Na época, a Penalty fornecia os uniformes dos árbitros que nada recebiam por acordos publicitários. Jorge Paulo articulou acordo com a empresa Diadora que, além de fornecer uniformes para os árbitros, incluindo terno e todos os demais itens necessários, pagaria algo em torno de hum milhão de reais anual, mas a CBF, que tinha acordo com a Penalty, vetou, o que gerou uma enorme crise culminando com a saída de JP da ANAF.

Após o imbróglio, ficou estabelecido em contrato que a  Penalty repassaria diretamente a ANAF R$ 7.500 reais mensais como forma de ajuda por conta do patrocínio nas camisas dos árbitros. O acordo não teve qualquer relação com indicação de membros ao STJD. A época, realmente Dario Góes, foi indicado pela ANAF para o Pleno do STJD, mas teria sido por um suposto acordo entre Góes e Jorge Paulo que em contrapartida seria indicado para atuar na Conmebol. Como a historia conta, Dário Góes era influente na entidade Sul-americana sob direção do paraguaio Nicolás Leoz, falecido em 2019.

Wilson Seneme, que nunca participou de qualquer atividade da arbitragem fora das quatro linhas, deveria tomar conhecimento dos fatos antes de falar qualquer coisa para não expor e nem manchar a historia da entidade, mesmo que ele, como árbitro e agora como dirigente, nada tenho feito por ela.

Jorge Paulo de Oliveira Gomes - Crédito: ANAF

Grifo nosso: Até a gestão de Marco Martins, os assuntos da arbitragem eram resolvidos entre presidência da ANAF e Comissão de Arbitragem da CBF, comandada a época por Sérgio Corrêa. Quando assumiu a entidade dos árbitros, Salmo Valentim passou a tratar os assuntos da arbitragem diretamente com o então presidente da CBF Rogério Caboclo.

Ednaldo Rodrigues, que sofre pressão por cortar verbas e acusações de sequer receber os presidentes de federações, dispensa o mesmo tratamento ao representante dos árbitros que exige tratar os assuntos de presidência para presidência e este imbróglio não poderia terminar de forma amigável. A greve, se realmente for decretada, será apenas o inicio de uma longa batalha que certamente terminara na justiça.

A crise gera uma oportunidade única para a entidade dos árbitros exigir que os direitos da categoria sejam respeitados, pois a forma como a CBF trata os árbitros negando direitos trabalhistas e negociando contratos em nome deles, sem mesmo ter qualquer vinculo, pode ser contestado juridicamente e no mínimo trará muita dor de cabeça para a poderosa entidade do futebol.

Muitas ações  questionando essa relação estão tramitando na justiça e uma delas aguardando decisão final no TST (Tribunal Superior do trabalho) que questiona principalmente o fato da CBF firmar contratos de patrocínios em nome da categoria que ela mesma denomina como 'autônomos'.

Basta que a entidade sindical de uma atenção maior a parte jurídica e busque os órgãos competentes para que a legislação seja cumprida e assim cumpra também sua função que é defender os direitos da categoria.

 

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